Subvariantes BA.4 e BA.5 já são mais de 90% dos casos no Brasil

O Brasil completou recentemente duas semanas com alta da média móvel de mortes por Covid, acompanhado pelo crescente aumento de casos confirmados. Um levantamento do Instituto Todos pela Saúde (ITpS), com base na análise de mais de 150 mil testes PCR feitos em cinco estados e no Distrito Federal, mostra que as duas novas sublinhagens do vírus, BA.4 e BA.5 já são responsáveis por 93% dos casos no Brasil.

“As vacinas e a própria infecção prévia têm proteção pequena para a ômicron, mas a imunização protege da mortalidade e dos quadros graves da doença, que é justamente a preocupação atual”, esclarece Salmo Raskin, especialista em Genética Molecular.

De acordo com ele, a variante BA.5 é a que tem os aspectos mais preocupantes mais exacerbados, sendo a mais infecciosa de todas que foram detectadas até agora. Ou seja, as pessoas que se infectaram apenas pela ômicron têm grande chance de reinfecção, uma vez que não induz uma resposta imunológica do organismo que leve à criação de anticorpos. “Por ser menos grave, a resposta imunológica também é mais branda”, afirma Raskin.

“A BA.4 e BA.5 resgatam em parte a chance de ter uma lesão pulmonar, algo que tinha sido reduzido com a ômicron BA.1. Temos visto um aumento de pacientes pediátricos também como consequência ao aumento bruto de casos. Porcentualmente, é na mesma proporção que em adultos”, explica o médico infectologista Marcelo Otsuka.

A linhagem ômicron continua a evoluir, produzindo sucessivamente outras sublinhagens que não são apenas mais transmissíveis, mas também mais evasivas aos sistema imunológico. Ou seja, se propagam com maior facilidade e nem sempre são combatidas pelo corpo.

Um estudo publicado na revista “Nature” explica que a transmissão se torna frequente porque a ômicron e suas subvariantes têm muitas mutações na proteína spike, que é a chave que o vírus usa para entrar nas células e se multiplicar.

A pesquisa aponta que BA.5 e BA.4 são 4,2 vezes mais resistentes à vacina do que a subvariante BA. .2, por exemplo. Para efeito de comparação, os pesquisadores disseram que a subvariante BA.2.12.1, que alimentou o aumento de casos e hospitalizações em maio nos EUA e que colocou 87% de todos os condados do estado de Nova York em alerta de alto risco de Covid, é apenas 1,8 vez mais resistente que a BA.2.

“A maior transmissibilidade se deve ao fato de que as mutações determinam maior capacidade de ligação do vírus com a célula humana. Ou seja, é preciso uma carga viral menor para provocar a doença. No entanto, as pessoas com a cobertura vacinal completa, tem uma chance de infecção pelo menos quatro vezes menor do que as não vacinadas”, explica o infectologista.

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