HONG KONG (Reuters) – A polícia de Hong Kong prendeu na manhã desta quinta-feira, no aeroporto da cidade, um homem de 24 anos suspeito de ter esfaqueado um policial durante protestos contra uma nova lei de segurança nacional imposta pelo governo da China ao centro financeiro.
Foto: Divulgação / RCOM
A prisão veio na esteira dos protestos mais recentes, ocorridos na quarta-feira, durante os quais a polícia usou canhões de água e gás lacrimogêneo e deteve mais de 300 pessoas, enquanto manifestantes iam às ruas desafiando a legislação de segurança abrangente introduzida pela China para sufocar a dissidência.
Não havia sinais de manifestações nesta quinta-feira.
A polícia publicou fotos dos distúrbios de quarta-feira no Twitter nas quais se vê um policial com um braço ensanguentado dizendo que foi esfaqueado por “arruaceiros portando objetos afiados”. Os suspeitos fugiram, e os transeuntes não ofereceram ajuda, disse a polícia.
O porta-voz da polícia afirmou que o homem preso tem sobrenome Wong, mas não conseguiu confirmar se ele estava partindo de Hong Kong ou trabalhando no aeroporto.
Citando fontes não identificadas, a mídia disse que o suspeito estava a bordo de um voo da Cathay Pacific rumo a Londres, que deveria partir pouco antes da meia-noite. Uma testemunha disse que três viaturas policiais foram em direção ao portão enquanto o avião se preparava para decolar e que cerca de 10 agentes do batalhão de choque correram pela passarela de conexão com a aeronave.
O suspeito levava um passaporte vencido de Cidadão Britânico no Exterior, um status especial que oferece um caminho para a cidadania britânica, disse a fonte à rede Cable TV.
A Cathay Pacific não respondeu de imediato a um pedido de comentário.
Leung Chun-ying, ex-líder de Hong Kong, postou no Facebook na quarta-feira que uma recompensa equivalente a 64.513 dólares seria oferecida a qualquer pessoa que ajudasse a pegar o fugitivo.
O Parlamento chinês adotou a lei de segurança em reação a protestos do ano passado desencadeados pelo temor de que Pequim esteja minando as liberdades da cidade, garantidas pela fórmula “um país, dois sistemas” acertada quando o território voltou ao controle da China em 1997.
O governo chinês nega a acusação.
Autoridades de Pequim e de Hong Kong disseram que a legislação é vital para preencher lacunas nas defesas de segurança nacional expostas pelos protestos, observando a incapacidade da cidade de aprovar tais leis por si mesma, como exigido pela Lei Básica, sua Constituição.
A nova lei pune os crimes de secessão, subversão, terrorismo e conluio com forças estrangeiras até com prisão perpétua, abrirá caminho para agências de segurança se instalarem em Hong Kong pela primeira vez e permitirá a extradição à China continental para julgamentos em tribunais controlados pelo Partido Comunista.