Possível surto de esporotricose preocupa donos de gatos em Manaus

Confirmação de quatro casos e suspeita de outros 22 da doença, na capital, faz com que tutores de felinos liguem sinal de alerta e tomem precauções. Especialista alerta para que donos evitem abandono dos felinos e busquem tratamento

Foto: Divulgação / RCOM

A ocorrência de casos de esporotricose animal, em Manaus, tem chamado a atenção de tutores de gatos. Até esta segunda-feira (14), a Secretaria Municipal de Saúde da capital (Semsa) confirmou quatro casos da doença pelos bairros Glória e São Raimundo, na zona Oeste, além de Aparecida, na zona Sul. Outros vinte e dois casos suspeitos seguem sendo analisados pela equipe do Centro de Controle de Zoonoses da Semsa.

Atenção para cuidado

De acordo com a médica veterinária Patrícia de Paula Roberto, diretora do Centro de Controle de Zoonoses de Manaus, a atenção da equipe é maior pelas áreas da zona Oeste e Sul, onde há casos registrados da doença. No entanto, ela alerta toda a população a fim de evitar a contaminação em outras áreas da cidade.

“As recomendações que estou frisando muito é de que as pessoas tenham a consciência para não abandonar os animais nessa situação. A doença tem tratamento e precisa ser acompanhada pelo médico veterinário”, ressaltou. Segundo ela, os animais identificados já estão em tratamento pelo CCZ e a ideia é montar um espaço para o atendimento de animais com suspeita de lesão característica de esporotricose.

“Os animais residenciais, nós já estamos trabalhando com eles. Nós visitamos casa a casa, já foi feito a coleta de material e eles já começaram a ser tratados. Os animais de rua, nós estamos tentando o apoio com os protetores dos bairros para recolher esse animal a fim de avaliar e fazer o tratamento”, destacou.

“Vamos isolar uma área no Centro de Zoonoses para começar a receber os animais com suspeita aqui. Nós vamos tentar montar uma sala com veterinário para ela fazer a avaliação clínica desse animal, a gente aproveita para fazer a coleta no laboratório e já realizamos o tratamento. A gente pede que quem tem condições financeiras, leve a uma clínica veterinária mais próxima de casa para a rápida análise”.

No caso de óbito de animais doentes, é importante não jogá-los no lixo, rios ou enterrá-los, pois o fungo sobrevive na natureza. Os animais mortos devem ser cremados. Para isso, o proprietário deve entrar em contato com o Centro de Controle de Zoonoses que providenciará a remoção da carcaça.

É fundamental o uso de luvas ao manipular gatos doentes ou em tratamento, e que eles sejam isolados em local seguro, que deve ser higienizado com água sanitária. Vale lembrar que mesmo durante todo o tratamento, o animal poderá transmitir a doença ao proprietário. Caso a doença apareça em humanos, a recomendação da Semsa é que se dirija até uma Unidade Básica de Saúde mais próxima para início de tratamento.

Qualquer suspeita de lesão característica de esporotricose no animal, a população pode entrar em contato com o CCZ Manaus através do número: 0800-280-8280.

O que é esporotricose

A esporotricose é uma doença de origem infecciosa, transmitida por fungos, que vivem em solo, e pode afetar tanto animais quanto humanos. Nos gatos aparecem feridas profundas, geralmente no focinho e nos membros, que não cicatrizam, podendo progredir para o resto do corpo. Os sinais clínicos que podem ser observados incluem perda de peso, apatia e secreção nasal. Nos humanos acomete a pele e a parte profunda da pele, causando lesão única ou múltiplas, iniciando pelo local onde o fungo penetrou. Essas lesões iniciam com caroço, que pode se romper, formando uma ferida de difícil cicatrização.

O fungo da esporotricose pode ser transmitido ao gato e às pessoas pelo contato com materiais contaminados, como casca de árvores, palha, farpas, espinhos ou terra. O gato contaminado transmite a doença para outros gatos e para as pessoas, por meio de arranhões, mordidas ou contato direto com a pele lesionada. Após a inoculação na pele, há um período de incubação, que pode variar de poucos dias a 3 meses (média de 3 semanas), podendo chegar a 6 meses.

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