Manaus – Parentes de pessoas que morreram durante o pico da pandemia da Covid-19 do Amazonas podem pedir indenização. Em entrevista ao Grupo Diário de Comunicação, o presidente do Sindicato dos Médicos do Amazonas (Simeam) Mário Vianna afirmou que a sucessão de acontecimentos que causaram muitas mortes, entre elas a crise do oxigênio, são responsabilidade do estado.
“Houve uma desassistência do ponto de vista geral muito grande, falta de leitos, falta de oxigênio e falta de medicamentos. No meu entendimento a maior responsabilidade é do governador do estado e também dos técnicos que assessoraram o governador que deve ter proposto algumas ações, que nem sabemos se foram aplicadas. Eu sou a favor que realmente haja uma CPI que investigue todas as ações”, afirmou.
Vianna também ressalta que os parentes das vítimas podem solicitar indenização e contratar um advogado e juntar os documentos, entre estes o atestado de óbito para que todas as provas sejam analisadas. “Tudo terá que ser submetidos a uma equipe de especialistas para analisar o atestado de óbito, dossiê da vítima, para entender o que aconteceu e a partir dali gerar um nexo causal, ou seja, ligar a possível causa à morte do paciente”, pontuou.
O presidente do sindicato também citou o caso de uma técnica de enfermagem que precisou trabalhar doente e acabou morrendo. Raimundo, pai da vítima já conversou com um advogado para começar a entrar com o processo. Com muita dor, seu Raimundo lembra dos últimos momentos da filha.
“A minha filha passou a noite internada no pronto-socorro e o médico não quis dar atestado pra ela. Então ela se obrigou a ir doente para o hospital e quando chegou lá a enfermeira disse que tinha acontecido um problema e perguntou se ela podia ficar. De tarde ela me ligou dizendo que passou mal e falou que se fosse internada iam entubar ela. O que eu mais senti foi quando ela disse ‘papai, tome conta do meu filho. Se eu for internada vocês não vão me ver mais’. Então ela foi entubada e dois dias depois, faleceu”, lamenta.
Adrian, filho de um advogado de 64 anos que morreu durante o pico da pandemia, está montando uma associação formada por parentes de vítimas da Covid-19. Ele lembra com carinho do pai, que faleceu em janeiro.
“O meu pai faleceu com 64 anos, era um ícone da justiça, um advogado que lutou a vida toda pela justiça. Veio a falecer no hospital Platão em janeiro, devido a diversos fatores, estamos aqui. Reunimos diversas vítimas para a fundação da Associação de Defesas das Vítimas do Covid, em parceria com as vítimas de Brumadinho de Minas Gerais e a Associação de Vítimas de Acidentes Aéreos de São Paulo. E juntos lutarmos pelos direitos dos nossos entes”, disse.